quinta-feira, 16 de julho de 2009

Misca

Devido à necessidade de descansar baldei-me ao workshop e por isso dormi mais, tomei o pequeno-almoço e fui ver tv para o sofá onde voltei a adormecer. Às tantas começo a ouvir dois miares bastante aflitivos. Levanto-me, olho e só vejo a buh a andar agitada de um lado para outro. Pensei que estaria a “conversar” com algum gato das redondezas. Mas como não parava levantei-me e fui à varanda (de pijama). O que é que eu encontro? Uma multidão a olhar para cima a dizer “está ali, está ali!”. Quando me viram tentaram explicar-me onde ela estava mas eu nem ouvi. Vim para dentro, fui à cozinha avisar a Esperança (que estava sentada em frente à televisão a dormir), vesti a primeira coisa que me apareceu e desci para a rua. Nesta altura já havia mais pessoas à espera de sangue. A misca enfiou-se na barra da publicidade do supermercado e não conseguia sair. Uma senhora apontou para o muro e percebendo o que é que ela estava a sugerir trepei-o até me encontrar com a origem do miar. A misca estava assustada e ao ouvir-me pôs-se a fazer aquela coisa que os gatos fazem com a cabeça nas grades que protegem o sítio para onde ela foi. Sentei-me no muro para não cair e comecei a chamá-la com calma para ela não fugir até que se foi aproximando. Ignorei os “agarra-lhe a pata”, “agarra-lhe a cabeça”, “assim ela não vem, tens que lhe puxar a cauda” e esperei que a misca se acalmasse e viesse ter comigo. Aí agarrei-a mas como estava sentada e não tinha mãos livres não tinha maneira de me levantar sem cair do muro abaixo. A misca deve ter percebido isso e arranhou-me com toda a força até eu a largar. Entre os “é cortar-lhe a cabeça” do cabrão do talho, “de quem é o gato?” da senhora da loja de informática levantei-me e fiquei à espera da misca. Entretanto já uma senhora tinha subido e estava atrás de mim para eu lhe passar a misca e ela a passar a outra pessoa lá em baixo. Assim foi, mas falar é fácil. A misca estava assustada e não conhecia as pessoas. Arranhou-me a mim, arranhou a outra pessoa e arranhou ainda a outra pessoa que a largou. Felizmente foi para baixo de um carro estacionado, e não para um em andamento. Foi engraçado de se ver. O carro rodeado de pessoas a chamar pela misca cada uma para o seu lado. Mas é aqui que a vinculação funciona. Falei-lhe com calma, estendi-lhe a mão e ela veio para mim. Agarrei-a com força para se sentir segura e viemos para casa. O resultado foi uma camisola cheia de xixi de gata com medo, dois braços arranhados que não ficam muito bem nos espectáculos e duas gatas aliviadas a lamberem-se mutuamente.

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